A importância do aroma de um perfume para o sucesso da nossa beleza
O aroma é um fator de peso na escolha de um produto de beleza ou de higiene pessoal e, por isso, num mercado tão competitivo e com tantas opções, atrair o consumidor para a melhor experiência sensorial pode ser a chave do sucesso.
Na prática, os aromas são utilizados para a nossa beleza e higiene pessoal para despertar as emoções e o prestígio social ou econômico associado ao uso de determinados produtos. A decisão de um consumidor em comprar um certo produto é, muitas vezes, baseada em motivos emocionais que transcendem a sua funcionalidade e por isso, a escolha do aroma é tão importante no desenvolvimento de um cosmético.
Mas, dado que os aromas fazem parte de uma experiência tão subjetiva, como se pode traduzir num conceito a ser incorporado num produto final? Neste ponto, é preciso explicar como funciona o universo da perfumaria para que se possa entender como fazer as escolhas certas.
O perfume é uma composição de moléculas voláteis obtidas de diversas fontes, sejam elas naturais ou sintéticas, algumas com odor agradável e outras nem tanto, que resultam num aroma prazeroso conseguido por perfumistas habilidosos. Uma fragrância é composta por três diferentes tipos de notas:
Nota de cabeça (de topo ou de saída): moléculas mais voláteis, responsáveis pelo odor inicial e intermediário de uma fragrância;
Nota de coração (ou de corpo): moléculas menos voláteis que as anteriores, responsáveis pelo odor principal e mais duradouro que a nota de saída;
Nota de fundo: composta pelas moléculas menos voláteis e representam o aroma de longa duração.
As notas de cabeça, coração e fundo formam o que se chama de pirâmide olfativa. No final, os aromas são formados e classificados em diferentes famílias olfativas. Segue um exemplo:
Essas famílias são, ainda desmembradas em diversas subfamílias. Diante de tantas opções de fragrâncias existentes e tantas sensações olfativas que podem ser despertadas, como escolher aquela que agradará mais? Muitas pessoas usam termos como green, floral, frutal, amadeirado, animal, doce, musk, herbal e outros, em associação com certos estados humanos de humor. Fragrâncias cítricas ou lavanda são, por exemplo, frequentemente associadas ao relaxamento, enquanto que as baseadas em pimenta e jasmim são tidas como energizantes e estimulantes. Na hora de formular, o primeiro ponto importante a considerar é o do casamento entre a fragrância escolhida e o conceito do produto, pois é essa mensagem que levará a uma experiência sensorial que pode destacar o seu produto dos demais concorrentes. A importância da associação entre a fragrância e o conceito é presente numa imagem de uma loção, ligada a uma frase prometendo deixar a pele suave e fresca.
Esta perceção também tem um fator cultural: europeus e asiáticos têm preferência por fragrâncias florais em produtos de higiene pessoal, enquanto que norte-americanos preferem aromas mais frutados e gourmet (que lembra os alimentos, como baunilha, por exemplo). Já o Oriente-Médio e a América Latina têm uma tendência em aceitar melhor os aromas tipo fantasy (floral-frutal). No Brasil, as cinco principais notas olfativas são: floral, fresca, lavanda, rosas e baunilha. Outro ponto cultural relevante a se considerar é o fato de que o brasileiro tem o perfume como um sinalizador de higiene e beleza, ao passo que os orientais são mais discretos com relação aos aromas.
À parte dos gostos e da cultura do consumidor alvo, o segundo ponto a ser levado em conta é de que algumas características aromáticas originais de uma fragrância podem ser perdidas quando incorporadas numa formulação não alcoólica, como uma emulsão. O resultado olfativo da aplicação da fragrância incorporada num produto pode não ser o mesmo de sua aplicação direta na pele. Além disso, existe a possibilidade de haver incompatibilidades com os outros componentes do produto: fragrâncias baseadas em ésteres não devem ser utilizadas em produtos de pH baixo devido à possibilidade de hidrólise das moléculas que a compõem. Para prevenir instabilidades, as interações químicas em potencial devem ser consideradas, também, em formulações antimicrobianas com compostos quaternários de amônio, agentes oxidantes e ácidos ou bases fortes. Não se deve esquecer que a fragrância pode interagir, inclusive, com a embalagem que comportará o produto e, por isso, é muito importante realizar testes para a verificação prévia dessas interações.
Por último, também deve-se levar em conta que todos estamos expostos diariamente às fragrâncias, da mesma maneira que ocorre com qualquer outra matéria-prima cosmética. Alguns indivíduos, em decorrência dessa exposição diária, podem desenvolver dermatites de contato, caracterizadas pelo eritema (vermelhidão), pelo inchaço e pela formação de vesículas na pele diante da exposição ao composto alergénico. Com a persistência do contato, um quadro crônico pode ser desenvolvido. Outras irritações possivelmente causadas por fragrâncias são as reações imediatas ao contato (urticária de contato), dermatite pigmentada e foto sensibilidade. Então, além do cuidado com a estabilidade, o terceiro ponto a se levar em consideração é a segurança da formulação, algo crucial a ser garantido.
Portanto, muita atenção na hora da escolha da fragrância: associe o aroma ao conceito da beleza!